Sinopse

AULA 04: MODELO DE OFERTA E DEMANDA AGREGADA. A FUNÇÃO DEMANDA AGREGADA. AS FUNÇÕES DE OFERTA DE CURTO E LONGO PRAZO. A RIGIDEZ DOS REAJUSTES DE PREÇOS E SALÁRIOS.

1 - Os modelos de oferta e demanda agregada explicam as flutuações econômicas de curto prazo e auxiliam diretamente na determinação dos níveis de atividade/renda/produto e preços da economia. Existem várias correntes com posições diametralmente opostas sobre a condução dos modelos de demanda e oferta agregada.

A Escola Clássica

2 - A escola clássica (Jean B. Say, David Ricardo e Wicksell) e a novo-clássica ou das expectativas racionais (Robert Lucas, Thomas J. Sargent, Robert Barro e Edward Prescott) consideram a moeda neutra tanto no curto como no longo prazo ao passo que as escolas monetarista (Friedman) e neo-keynesiana (Mankiw e Homer) incorporam a não-neutralidade da moeda no curto prazo.

3 - Para os clássicos, a intervenção além de não necessária é indesejável, pois a mesma vai prejudicar o caminho natural da economia. Mesmo que alguém pense que sabe como intervir, ainda assim é melhor deixar a economia por si só.

4 - Os economistas dessa corrente se preocupavam com a possibilidade de que a economia de mercado pudesse se desviar do nível de equilíbrio de produção e emprego. Todavia, acreditavam que tais distúrbios seriam temporários, passageiros. A visão coletiva era de que o mercado operaria rapidamente e eficientemente para restabelecer o equilíbrio (de pleno emprego).

5 - A
dicotomia
clássica: os setores monetário e real são separados. Como resultado, alterações na quantidade de moeda não afetam os valores de equilíbrio das variáveis reais no modelo. Com variáveis reais independentes face a mudanças na quantidade de moeda, os clássicos argumentam que a moeda é neutra.

6 - O primeiro sustentáculo da corrente clássica é a aceitação da teoria quantitativista, na qual a moeda é neutra. Alterações no quantitativo de moeda só produzem resultados nas variáveis nominais, não interferindo nas variáveis reais. A relação entre o aumento na quantidade de moeda e a elevação dos preços está contida na chamada teoria quantitativa da moeda (TQM).

7 - A TQM (M.V = P.Q) roga que, no curto prazo, tanto a velocidade da moeda (V) como o nível do produto (Q) são constantes e que qualquer variação na quantidade de moeda (M) repercute em variação idêntica no nível de preços (P).

8 - Em resumo: o nível de preços é função da quantidade de moeda da economia. É a teoria monetarista da inflação. A versão clássica roga crescimento dos preços e nenhum efeito sobre a produção, pois o salário nominal ajusta-se à variação do preço, mantendo constantes o salário real, o emprego e a produção.

9 - O segundo ponto se dá com o automatismo do pleno emprego a partir do qual toda produção gera uma renda (oferta cria sua própria demanda), que retorna ao circuito via consumo ou por meio do investimento via poupança.

10 - O equilíbrio com pleno emprego seria, portanto, o estado normal de uma economia de mercado. Seria influenciado, no longo prazo, somente por variáveis reais (capital, trabalho e tecnologia) enquanto as variáveis monetárias atingem somente o nível de preços. Admitem no limite desequilíbrios de curto prazo originários de atritos, de falhas de mercado, de erros expectacionais e de choques tecnológicos. Todavia, no longo prazo, o sistema econômico tenderia a retornar ao equilíbrio.

11 - Em resumo: a economia, quando em equilíbrio, apresenta pleno emprego dos recursos. Não há desemprego involuntário. Para que seja garantido o pleno emprego, tudo que é produzido gera uma demanda correspondente.

A diferença chave entre as abordagens keynesiana e clássica da determinação da renda nacional

12 - A hipótese keynesiana é a de que o nível de preços é constante. Dependendo das políticas monetária e fiscal e de outros determinantes da demanda agregada, o produto pode desviar-se de sua taxa natural. A versão keynesiana descreve melhor o curto prazo.

13 - A teoria keynesiana apresenta salários nominais rígidos a curto prazo (rigidez dos preços), o que dificulta o ajustamento automático às variações de preços. Dado um aumento de preço, por exemplo, o salário real cai, provocando desequilíbrio no mercado, com a demanda superando a oferta de trabalho, impactando em aumento de emprego e de produção. Em direção contrária, uma queda de preço, aumenta o salário real, gerando uma oferta de trabalho maior que a demanda, resultando em queda de emprego e renda.

14 - A hipótese clássica é a de que o nível de preços é flexível. O nível de preços se altera para assegurar que a renda nacional permaneça sempre na sua taxa natural. A versão clássica descreve melhor o longo prazo. As flutuações da demanda agregada afetam o produto e o emprego no curto prazo. No longo prazo, a economia retorna aos níveis de produto, emprego e desemprego descritos na teoria clássica.

15 - No caso extremo de curva de oferta agregada, todos os preços são fixos no curto prazo. Portanto, a curva de oferta agregada no curto prazo, OACP, é horizontal. Uma redução na oferta monetária desloca a curva de demanda agregada para a esquerda, provocando queda no nível de produto.

16 - No longo prazo os preços são flexíveis e, portanto, se ajustam para corresponder a mutações na oferta e na demanda. No curto prazo, porém, muitos preços ficam emperrados em algum nível pré-estabelecido. A rigidez dos preços no curto prazo significa que o impacto de curto prazo de mudanças na oferta de moeda é distinto do efeito de longo prazo.

17 - Um modelo de flutuações econômicas deve levar em consideração essa rigidez dos preços no curto prazo. Veremos que uma vez que os preços não se ajustam instantaneamente às variações da oferta monetária, a dicotomia clássica deixa de funcionar: instantaneamente as políticas monetárias têm um efeito sensível sobre o produto e o emprego. Portanto, no curto prazo, o produto e o emprego devem variar um pouco para permitir o ajustamento que não é alcançado através da flexibilidade dos preços. Assim, a rigidez dos preços dá uma base à utilidade das políticas monetária e fiscal na estabilização da economia.

18 - As flutuações na oferta de moeda não são a única origem das oscilações na demanda agregada. Mesmo que a oferta de moeda seja mantida constante, a curva de demanda agregada se desloca em razão da famosa velocidade da moeda.

Deslocamentos da Curva de Demanda Agregada

19 - Uma variação na oferta de moeda desloca a curva de demanda agregada. A qualquer preço dado, P, uma redução na oferta de moeda, M, implica que os saldos monetários reais, M/P, sejam menores e, portanto, o produto Y também é menor. Em outras palavras, a redução na oferta de moeda desloca a curva de demanda agregada para a esquerda.

20 - Um aumento na oferta de moeda, M, implica que os saldos monetários reais, M/P, sejam maiores e, assim, o produto, Y, também será maior. Por conseguinte, um aumento na quantidade de moeda desloca para a direita a curva de demanda agregada.

21 - Em resumo: os fatores que provocam deslocamentos da curva da demanda agregada são quaisquer aumentos ou diminuições na demanda que ocorrem independentemente de variações nos preços, como variações autônomas nos componentes da demanda (consumo, investimento, gastos governamentais, exportações líquidas) e na oferta monetária.

22 - No longo prazo, o nível do produto é determinado pelas quantidades de capital e de trabalho e pela tecnologia disponível. Não depende, portanto, do nível de preços. A curva de oferta agregada de longo prazo, OALP, é vertical.

23 - A curva de oferta vertical atende à dicotomia clássica, uma vez que o nível de produto é independente da demanda agregada e, portanto, da oferta de moeda. Este nível de produto de longo prazo, Y, é chamado de nível de produto de pleno emprego: é o nível de produto no qual os recursos da economia estão plenamente empregados, ou, de forma mais realista, em que o desemprego está em sua taxa natural. A redução na demanda agregada afeta o nível de preços, mas não o nível do produto.

24 - Em suma: em períodos curtos, os preços são rígidos, a curva de oferta agregada é horizontal e alterações na demanda agregada afetam o produto da economia. No longo prazo, os preços são flexíveis, a oferta agregada é vertical e as alterações na demanda agregada alteram apenas o nível de preços. Assim, modificações na demanda agregada têm efeitos distintos para diferentes períodos de tempo.

25 - Os choques perturbam o bem-estar econômico porque afastam o produto e o emprego de suas taxas naturais. Um choque de oferta altera o custo de produção dos bens e serviços e, em conseqüência, os preços pelos quais as empresas os vendem. Como os choques de oferta têm um impacto direto no nível de preços, muitas vezes são chamados de choques de preços. Um choque de oferta altera o custo de produção dos bens e serviços e, em conseqüência, os preços pelos quais as empresas os vendem. Como os choques de oferta têm um impacto direto no nível de preços, muitas vezes são chamados de choques de preços.

26 - Um choque de oferta adverso aumenta os custos e, portanto, os preços. Se a demanda agregada se mantiver constante, a economia combina preços crescentes com redução do produto. Finalmente, quando os preços caírem, a economia retorna à sua taxa natural. Mas o custo desse processo é uma recessão dolorosa. Não há forma de ajustar a demanda agregada de forma a manter simultaneamente o pleno emprego e um nível de preços estável.

27 - Em resposta a um choque adverso de oferta, o BC pode aumentar a demanda agregada para prevenir uma redução do produto. Contudo, o custo de tal política é um aumento permanente do nível de preços.

28 - No longo prazo, os preços são flexíveis e a oferta agregada determina a renda. Mas no curto prazo, os preços são rígidos, de modo que alterações na demanda agregada influenciam a renda.

Economistas Novo Clássicos (Teoria dos Ciclos Reais)

29 - Economistas novo clássicos acreditam que é possível explicar as flutuações econômicas dentro do modelo clássico. Consideram ser melhor admitir que preços são totalmente flexíveis, mesmo no curto prazo. Notem: são mais clássicos do que nunca!

30 - Segundo a Teoria dos Ciclos Econômicos Reais (TCR), as hipóteses usadas para estudar o longo prazo também se aplicam ao curto prazo. É mantida a dicotomia clássica: as variáveis nominais, como oferta de moeda e nível de preços, não exercem impacto sobre as variáveis reais, como emprego e PNB real.

31 - Um aumento nas despesas do governo (política fiscal expansionista) desloca a curva de demanda real agregada para a direita; a qualquer taxa de juros dada, a despesa com bens e serviços é maior. O resultado é um produto maior e uma taxa de juros mais elevada.

32 - A oferta de mão-de-obra e a substituição intertemporal desempenham importante papel na explicação sobre como a política fiscal exerce influência no produto. No modelo ciclos econômicos reais, os preços são flexíveis e os trabalhadores praticam a substituição intertemporal. A expansão do produto resulta de um aumento na oferta de mão-de-obra: as pessoas respondem às taxas de juros mais elevadas escolhendo adiar o lazer e trabalhar períodos mais longos.

33 - A Teoria dos Ciclos Econômicos Reais faz parte da economia novo-clássica porque usa hipóteses do modelo clássico – especialmente a flexibilidade dos preços e a neutralidade da moeda – para estudar flutuações econômicas de curto prazo.

34 - Em resumo: a chamada Escola dos Novos Clássicos representa a corrente mais liberal, adepta total e irrestrita do livre mercado. Essa corrente é tão radical que, segundo a mesma, tanto a política fiscal quanto a monetária são inoperantes, tanto no curto quanto no longo prazo. E além dessas políticas serem ineficazes, são indesejáveis, por provocarem atritos, distúrbios no funcionamento normal da economia. Traduzindo ainda mais, as variáveis reais (produto, emprego, renda), são insensíveis à atuação das políticas monetária e fiscal.

35 - Sobre os pontos que estudamos hoje, os conceitos mais importantes, que vocês terão que levar para a prova, são os seguintes:

1) Enquanto a hipótese keynesiana roga que o nível de preços é constante e descreve melhor o curto prazo, apresentando salários nominais (preços) rígidos, a hipótese clássica sustenta que o nível de preços é flexível e descreve melhor o longo prazo.

2) Em relação ao embate curto prazo x longo prazo, no caso extremo de curva de oferta agregada, todos os preços são fixos no curto prazo. Portanto, a curva de oferta agregada no curto prazo, OACP, é horizontal. No longo prazo, o nível do produto é determinado pelas quantidades de capital e de trabalho e pela tecnologia disponível. Não depende, portanto, do nível de preços. A curva de oferta agregada de longo prazo, OALP, é vertical.

3) Os fatores que provocam deslocamentos da curva da demanda agregada são quaisquer aumentos ou diminuições na demanda que ocorrem independentemente de variações nos preços, como variações autônomas nos componentes da demanda (consumo, investimento, gastos governamentais, exportações líquidas) e na oferta monetária.

4) A Teoria dos Ciclos Reais (TCR) considera ser melhor admitir que preços são totalmente flexíveis, mesmo no curto prazo. Notem: os teóricos dos ciclos reais são mais clássicos do que nunca! As hipóteses usadas para estudar o longo prazo também se aplicam ao curto prazo. É mantida a dicotomia clássica: as variáveis nominais, como oferta de moeda e nível de preços, não exercem impacto sobre as variáveis reais, como emprego e PNB real.

36 - De acordo com o modelo clássico, as conseqüências de uma política fiscal expansionista são:

Um aumento no nível de preços, uma elevação do salário nominal, mas não do salário real, sem alteração do nível de emprego e da oferta agregada. Em consonância com o modelo clássico em que a curva de oferta agregada é vertical, ao nível de pleno emprego, uma política fiscal expansionista é inócua para estabelecer novo patamar de produto/renda, só impactando variáveis nominais como preços e salários nominais.

37 - No modelo keynesiano, caso o governo adote uma política fiscal expansionista, observar-se-ão os seguintes efeitos no sistema econômico:

Os preços subirão, o salário real cairá, resultando em um aumento do nível de emprego e, daí, do produto ofertado. Uma política fiscal expansionista, em um cenário de modelo de oferta e demanda agregada keynesiana, os preços subirão assim como os níveis de produto e renda da economia.

38 - No longo prazo, os preços são flexíveis, a oferta agregada é vertical e as alterações na demanda agregada alteram apenas o nível de preços. Em períodos curtos, os preços são rígidos, a curva de oferta agregada é horizontal e alterações na demanda agregada afetam o produto da economia Assim, modificações na demanda agregada têm efeitos distintos para diferentes períodos de tempo.

39 - O choque adverso de oferta aumenta os custos e, portanto, os preços. Se não houver alterações na demanda agregada, teremos uma combinação, no curto prazo, de preços crescentes com redução do produto. No longo prazo, com a queda dos preços, a economia retornará ao seu nível de pleno emprego.

40 - As hipóteses do modelo clássico admitem que políticas governamentais somente alteram as variáveis nominais, sem efeitos sobre as variáveis reais como o emprego e o produto.

41 - Uma redução dos impostos é uma política fiscal expansionsita que faz elevar a renda disponível da economia e a renda, mas resulta em elevação das taxas de juros, com queda nos investimentos privados e diminui novamente o produto.

42 - O incremento nas transações monetárias aumenta o nível de emprego no curto prazo, dado que M.V = P.Y e preços são rígidos no curto prazo.

43 - Política fiscal expansionista (aumento dos gastos governamentais e/ou redução de impostos) aumenta o nível de emprego e o nível de preços no curto prazo.

44 - Os preços são rígidos no curto prazo.

45 - Política monetária contracionista não provocar movimento inflacionário no curto prazo.

46 - Políticas contracionsitas realmente reduzem o produto, o emprego e o nível de preços no curto prazo.

47 - Os choques tecnológicos (incremento nos preços do petróleo, legislação restritiva, condições climáticas adversas) Esse caso é decorrente dos choques tecnológicos que afetam a economia, fazendo variar a oferta de produto. Uma condição climática adversa, uma legislação ambiental restritiva e aumentos dos preços do petróleo são exemplos de choques adversos, que resultam em queda na produção e no emprego, ou seja, em recessão.

48 - Sabemos do referencial da questão que estamos lidando com o modelo de oferta e demanda agregada keynesiano, uma vez que a demanda agregada deriva do modelo IS-LM e a oferta agregada é positivamente inclinada.

49 - Alterações na demanda agregada resultam, no curto prazo, em alterações tanto nível geral de preços quanto na renda.